16.8.06

Deus é mais!

Hoje eu cheguei a uma conclusão. As empregadas domésticas deveriam ter um abono mensal pela diversão proporcionada. Falo pois é impressionante a quantidade de histórias hilárias que eu já ouvi sobre domésticas e seus feitos mirabolantes.

Aqui em casa, depois de muitos anos, passamos a ter diaristas que vinham faxinar, principalmente, umas duas ou três vezes na semana. Veio uma que trazia a irmã pra ajudar. Uma que cozinhava e não tinha coragem de comer o que fez. Até que chegou o fenômeno... a entidade... Antônia!!!

Ela já havia trabalhado na casa de minha tia Mali. Dona Marli, segundo ela. Entre outros pontos altos, ela fazia o malhassado que meu tio curte. Ah! É assim que ela chama a carne mal passada.
Não sei os motivos, mas ela saiu de lá e passou a fazer diárias nas casas de meus primos e, depois, aqui em casa também.

Desde sua chegada, falta tudo nessa casa, menos histórias de Antônia. E o que eu acho mais engraçado são os detalhes peculiares dela. Por exemplo... não sei por qual motivo, mas eu prefiro que o papel higiênico desça pela frente... saca? Tem o suporte, a parede. Prefiro quando ele sai por cima do rolo. Mas todo dia de faxina, eis que o rolo ta invertido... o papel saindo por baixo. Ta, eu mudo. Mas, dois dias depois, ela vem e muda de novo. Eu já cheguei à conclusão de que não é um evento aleatório. É o padrão dela de papel higiênico no suporte. Em todos os banheiros aqui de casa... Passou Antônia, papel pra baixo.

Meias. Não importa se estão dentro do sapato. Se não estão na gaveta, vão pra máquina!

Sumiços. Caso típico de empregadas. Mas Antônia desintegra as coisas... não é possível. O caso mais clássico aqui de casa é uma caixa de filtros de papel pra cafeteira. Morávamos no STIEP e essa caixa sumiu. 3 meses depois, quando terminávamos de arrumar a casa aqui de Itapuã, olha o danado lá. Imagine. Ela some com a coisa e não acha depois... então, sumiu alguma coisa? Espera o dia dela vir que a gente pergunta.

Bom também são os casos que ela traz da rua. Tipo... amigo-secreto no buzu. Ela e outras empregadas pegavam sempre o mesmo ônibus, mesmo motorista, cobrador...
Final do ano passado, marcaram um amigo-secreto dentro do buzu. Com direito a bolas de soprar e as porra.
Da vez que ela foi dar o lugar a uma senhora que havia entrado no ônibus... a véia começou a xingar ela... “Oi, eu não sou velha não, viu? Velha é você”. A coitada se picou pra parte de trás do ônibus.

O título se refere a uma história boa dela. Na casa de minha prima, ela conversava com Federico (marido de minha prima), ateu convicto. Ela é crente e ele, pra perturbar, falava:
- Jesus era gay. Só vivia cercado de homens.
Ela retrucou inocentemente:
- Deus é mais!


E hoje, a história que me motivou a escrever.
Ela chega já dizendo:
- Quase não venho hoje.
- Por que Antônia?
- Diarréia. Comi um feijão ontem. Quase não consigo dormir de dor na barriga.
- A diarréia de Tiago passou pra você. (sim, eu passei 3 semanas assim)
- É. Deve ser.
- Tomou alguma coisa, Tonha?
- Tomei um Lactopurga.
- O QUE ANTÔNIA????????????????????? Lactopurga solta!!!!!!!!!!!
- Não... tomei um Apracur?!
- O QUE ANTÔNIA????????????????????? Apracur é pra gripe. Seu fiofó ta resfriado, é?
- Era o que tinha em casa, eu tomei!

Mais tarde, saindo pro trabalho, eu noto que minha camisa havia sumido.
- Tonha, cadê minha camisa?
Ela, friamente, me responde rindo (coisa que ela faz o tempo todo):
- Tá na máquina. Pegue outra.
Vera, a senhora que passa as roupas daqui de casa desde sempre, se assustou:
- Oxe.
Eu ri pra caralho! Não sei como Vera ainda se espanta com essas coisas dela. Subi pra contar pra Maria que riu mais ainda e me deu um abraço pra consolar.

Eu vou instituir um abono pra Tonha. Figuraça.
Pode parecer que é só esculhambação, mas a verdade é que ela dá um duro danado aqui em casa e ainda acha tempo pra nos divertir!

4.7.06

quem acha que eu devo atualizar sempre, mesmo que seja com bobagens, levanta a mão!
....

agora quem acha que eu só devo atualizar quando tiver algo de relevante...

8.3.06

cena inusitada...
num pet shop, uma veterinária comendo cachorro-quente!
quando eu vi, entendi o porque dos cachorros estarem em polvorosa... agitados e latindo!

16.2.06

Diário de um passageiro. vol. 5 - Barroquinha/São Cristóvão.08 de fevereiro '06

é uma pena eu não ter escrito esse texto no mesmo dia do acontecido.

no ponto em que pego ônibus passam 3 ou 4 ônibus que servem pra eu ir pro trabalho. geralmente dou preferência ao Terminal da França com ar condicionado que só custa 10 centavos a mais. mas, quando estou atrasado, pego o primeiro que vier. nesse dia eu tava mais do que atrasado e peguei o Barroquinha.
de frente para a escada de acesso, uma velhinha sentada. luvas, camisa branca abotoada até o queixo, casaquinho de vovó, saia comprida, óclinhos, cabelo preso...
sentei um pouco à frente e, lá pras tantas, veja a simpática velhinha pedir a uma menina para mudar para o assento do corredor para que ela sentasse à janela. eu estava ouvindo discman (Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta) e não ouvi odiálogo. só sei que a menina negou o pedido sem nem titubear. a velhinha então passou dois bancos e encontrou um lugar na janela. só que, ao invés de sentar, ela foi se ajeitando para ajoelhar-se, virada pra trás... na direção da menina que a havia negado o lugar. e foi aí que começou a saga.
na ordem estavam a menina que negou o assento, duas meninas no lugar à frente e a velhinha depois. e a velhinha começou a falar. empunhou sua bíblia e falou. eu realmente não estava ouvindo e nem queria ouvir... ("me deixe aqui ouvindo Ronei"). mas dava para notar que a senhora, que havia começado falando de forma delicada, já estava se empolgando. o volume da voz ia aumentando, os gestos ficando mais bruscos, os olhos mais arregalados. não sei a quem ela se dirigia mas sei que ela falava sozinha... não havia uma resposta.
engraçado que um momento que ouvi, ela tava falando de uma compra que ela fez na Insinuante e que as prestações não acabavam nunca e ... volta a música! rápido!!!
o ônibus foi enchendo e a velha falando mais alto. as meninas já haviam levantado e mudado de lugar. mesmo assim a gritaria continuava! e Ronei cantava: "...você insistiu em castigar..."! e eu concordava com ele!
tinha gente que já entrava no buzu reclamando. se tem uma coisa que ela conseguiu foi criar uma cumplicidade entre a galera do buzu... num lugar onde, normalmente, as pessoas não se falam, nesse dia todo mundo se olhava e ria e comentava...
finalmente (!!!!!!!!!!) chegava a hora d'eu descer. a essa altura a velhinha estava com sua bíblia ao pé do ouvido - como quem ouve rádio - e cantava: "Jeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeesussss! Jeeeeeeeeeeeeeeesuss!"
a última coisa que Ronei me disse? "pai, mãe, eu vou partir. tem um circo em frente à casa".
a vida imita a arte

depois que cheguei em Itapuã, precisei me acostumar com meus novos caminhos.
pra ir pegar ônibus, pra ir na casa de Amanda, pra sair com o carro...
no meu roteiro até o ponto de ônibus, passo por uma rua movimentada, com lixo no chão e cheia de buracos.
certo dia, ao dobrar a esquina para essa rua, me deparo com uma cena clássica do cinema brasileiro. um cara agachado - como o goleiro fica quando espera a cobrança de um penalti - cercando uma galinha para não deixá-la fugir.
só faltaram os outros personagens, armados gritando: "pega a galinha aê!!!"

ahhh! Itapuã!!!